A escalada da guerra comercial entre China e Estados Unidos ganha um novo capítulo. Pequim anunciou a imposição de tarifas adicionais sobre produtos americanos e ingressou com uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os novos tributos impostos por Washington. A medida chinesa é uma resposta direta à decisão do governo dos EUA, que desde hoje (4 de fevereiro) cobra uma tarifa de 10% sobre todas as importações chinesas, sob a justificativa de conter a crise do fentanil e proteger setores estratégicos.
Retaliação chinesa: tarifas sobre energia e automóveis
A partir de 10 de fevereiro, produtos americanos como carvão, gás natural liquefeito, petróleo bruto, máquinas agrícolas e automóveis de grande cilindrada serão taxados em até 15% pela China. Segundo a Comissão de Tarifas Aduaneiras do Conselho de Estado, essas contramedidas visam defender os interesses da economia chinesa e equilibrar os impactos das tarifas unilaterais dos EUA.
O Ministério do Comércio chinês (MOFCOM) reforçou que a ação de Washington “viola seriamente as regras da OMC” e que a retaliação chinesa está amparada pelo direito internacional. Além das tarifas, Pequim também anunciou restrições à exportação de minerais raros usados em indústrias de alta tecnologia e defesa, afetando diretamente empresas americanas.
China aciona a OMC contra os EUA
Além da resposta econômica, a China recorreu ao mecanismo de solução de disputas da OMC. Segundo um porta-voz do MOFCOM, os aumentos tarifários americanos são “um exemplo típico de unilateralismo e protecionismo comercial” e já enfrentam resistência dentro da própria OMC.
A China tem histórico de buscar soluções no âmbito multilateral e conta com apoio de outros países afetados pelo protecionismo dos EUA. Analistas apontam que, embora o processo na OMC possa levar anos, a pressão sobre Washington aumenta, sobretudo diante de um cenário de inflação crescente nos EUA.
Impacto para empresas e consumidores americanos
A imposição de tarifas pela administração americana pode ter efeitos adversos na própria economia dos EUA. O aumento no custo de produtos chineses impacta diretamente consumidores e indústrias que dependem de insumos importados. O setor energético, por exemplo, sofrerá com preços mais altos devido às tarifas chinesas sobre combustíveis fósseis.
Segundo Zhou Mi, pesquisador da Academia Chinesa de Comércio Internacional, “não há vencedores em uma guerra comercial”. Ele alerta que as medidas adotadas por Washington podem resultar em perda de competitividade para empresas americanas no mercado chinês, além de estimular a diversificação de fornecedores por parte da China.
Contexto geopolítico e o futuro da relação China-EUA
A tensão comercial reflete um cenário mais amplo de disputas entre as duas maiores economias do mundo. Além da questão tarifária, Washington e Pequim estão em conflito sobre questões como segurança tecnológica, influência no Pacífico e políticas ambientais.
A resposta da China demonstra sua estratégia de resistência ao protecionismo americano, enquanto os EUA utilizam tarifas como instrumento político e econômico. O desfecho dessa disputa dependerá não apenas das negociações entre os governos, mas também das consequências econômicas que afetarão ambos os países e o comércio global.
Com esse novo embate, fica claro que a guerra comercial entre China e EUA está longe de um fim definitivo. Pequim endurece sua postura e busca aliados na OMC, enquanto Washington testa os limites da economia global com suas tarifas agressivas. A incerteza aumenta e o mundo observa os desdobramentos dessa batalha que pode redesenhar o comércio internacional.
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