Depois de três dias de tensão para sair da Ucrânia, os jogadores de futebol Marlon Santos, do Shakhtar Donetsk, e Bruno Ernandes, do Gornyak Sport, chegaram ao Brasil nesta terça-feira. Os dois atletas vieram juntos de Paris, capital da França, mas enfrentaram um longo e complexo caminho até o reencontro emocionante com a família no saguão do Aeroporto Tom Jobim (Galeão), na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio.
“Foi uma sensação de terror, de desespero cada momento, cada dia. Você escuta barulho de (avião de) caça passando por cima do seu prédio, você escuta barulho de bomba, você vê o terror que está vivendo a cidade, o país. Aí começou a faltar alimento, mas tiveram pessoas que se dispuseram a sair pra buscar. Foi dali que a gente começou a se unir e a tentar manter a calma. Agora é um alívio, uma emoção. Agora a ficha começa a cair. Foi muito triste, muito intenso. Agora é respirar fundo e orar pelas pessoas que lá estão”, desabafou o zagueiro que estava dentro de um bunker na tentativa de fugir dos conflitos.
Marlon vive na capital da Ucrânia, Kiev, desde junho do ano passado, quando chegou para compor o time. Para deixar o local, ele pegou um trem até a cidade de Chernivsti, no Oeste do país. Depois ele pegou outro transporte e cruzou a fronteira até Bucareste, na Romênia. De lá, Marlon Santos pegou um voo para Paris, na França. Por fim, ele embarcou para o Rio.
Já o centroavante Bruno Ernandes vive, desde julho do ano passado, em Horishnni Plavni, cidade que fica a 345 km da capital Kiev. Atleta do Gornyak Sport, que disputa a segunda divisão do campeonato ucraniano, ele não chegou a ver de perto os ataques, mas também passou por dificuldades até chegar ao Brasil.
“Foi uma viagem muito tensa, agoniante, angustiante porque a todo tempo a gente pensa que talvez não vá voltar. A gente sabe que no Rio também tem conflitos, não é tão seguro, mas lá é uma guerra, uma coisa extremamente diferente. Só vejo isso no vídeo game. É difícil, a ficha ainda não caiu direito. Graças a Deus eu estou com a minha família, que é o que eu mais quero”, afirmou Bruno.
O atleta começou a viagem na madrugada deste domingo (27), quando pegou um trem para a cidade de Odessa, ainda em solo ucraniano. De lá seguiu de carro para a fronteira, onde passou para Moldávia. De lá conseguiu chegar a França, para seguir para o Brasil.
“A gente não sabia o que ia encontrar pela rua à noite. Tudo escuro, estava tendo toque de recolher. A qualquer momento podia acontecer alguma coisa, mas graças a Deus, não aconteceu nada”, desabafou o centroavante.
A noiva de Bruno, Kamila Amaral, mora no Brasil e esteve no aeroporto junto com a família para recepcionar o jogador. Ela conta que viveu grandes momentos de preocupação à distância. A intenção dela era se mudar para a Ucrânia em agosto, mas agora não sabe mais se o plano será possível.
“O dia mais tenso foi quando começou. Ele estava dormindo ainda, mas eu já estava acordada aqui. Então quando eu fiquei sabendo da guerra, eu não sabia se a cidade dele tinha sido atingida ou não. A sensação é muito ruim de saber que ele estava sozinho lá. Então eu preferia estar lá com ele pra ele não passar por isso sozinho. A sensação de acompanhar de longe foi muito complicada, muito difícil”, relatou.
Depois do susto, Bruno só quer ter paz e aproveitar os momentos ao lado da família. “Meu desejo agora é comer a comida da minha mãe, descansar um pouco e ficar com a minha família o tempo que eu puder. A gente não sabe agora o que vai ser de futebol lá. Agora é aguardar e descansar”, complementou Bruno.
Fonte: CNN Brasil.
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